Ainda te carrego no pulso

Você é uma mulher viajada e sabe bem que em lugares turísticos, tiramos muitas fotos.
E, às vezes, sem querer, pessoas aparecem ao fundo. Pequenas, desfocadas, quase invisíveis. Só percebemos quando damos zoom.
Mas cada uma dessas pessoas carrega uma história. Uma vida.
E talvez. quem sabe, até uma grande história de amor.
Agora imagine uma situação: em alguma de suas milhões de viagens, alguém possa ter te fotografado por acaso?
E aquela imagem, perdida em algum celular de um estranho, registra a sua existência sem saber o peso que ela tem.
Parar para refletir o que vivemos. Eu sei que hoje nós nos bloqueamos de tudo. Redes, mensagens, ligações, até as lembranças tentamos calar. Mas o que a gente viveu não se desfaz com um clique. Não se apaga com distância.
Tem histórias que continuam mesmo depois do fim.
A nossa começou despretensiosa, num almoço que era pra ser só profissional.
Mas, se eu soubesse tudo que estava por vir, teria contratado um editor, porque o que vivemos dava um livro. Um livro de paixão, loucura, encontros e desencontros, um livro de amor mútuo. E mesmo com todas as dores, eu viveria essa história toda de novo. Inteira. Sem tirar nada.
Virou vício.
Você me viciou no seu jeito, no seu abraço, no seu toque, no nosso encaixe cheio de significado.
Eu nunca me senti tão amado por alguém.
E esse alguém era você.
Criamos o nosso universo. Onde podíamos ser quem realmente éramos. Onde nos permitimos sentir o que a vida real não deixava.
Eu falhei.
Não nego isso.
Me perdi em mim mesmo. No medo e na insegurança. E você, exausta da instabilidade emocional que eu te causava, decidiu ir embora daqui. Foi quando você se mudou que o meu mundo desmoronou de vez.
Vieram os minutos cronometrados para nos falarmos.
As visitas raras, sempre com pressa, sempre com dor.
E o pior de tudo: a vida que deixamos de viver.
Fingimos normalidade, diante dos outros, enquanto por dentro víamos a nossa verdade escorrer pelos dedos.
Isso nos partiu.
Vieram a insegurança, o descontrole, o ciúme doentio.
A gente escolheu o silêncio.
Mas hoje é o seu dia.
E por mais que não possa te abraçar, por mais que talvez você nunca leia isso, eu precisava escrever.
Porque amor, quando é real, não morre. Ele apenas aprende a se calar.

Ninguém ensina como deixar pra trás alguém que ainda faz parte da nossa vida por dentro. Algumas músicas mexem comigo, e certas lembranças ainda parecem recentes, como se você nunca tivesse ido embora.
Olho para os meu pulsos e meu pescoço e vejo as alianças que carrego.
Sim, a nossa.
E cada vez que a vejo, revivo tudo.
Cada ligação, cada mensagem, cada, “bom dia”, “boa noite”, “indo pra pista, bom voo, avisa quando chegar”
Cada almoço, café ou pit stop.
Cada lugar que virou nosso sem precisar de nome.
Cada abraço que era o maior ansiolitico.
Cada beijo que era encontro de alma.
E, claro… Cada encaixe. Porque você e eu fomos feitos para isso: encaixar.
A gente não deu certo — não por falta de amor, mas por excesso de tudo.
De intensidade, de medo, de entrega, de caos.
Mas que foi amor, foi.
Feliz aniversário.
Que a vida te abrace com a leveza que eu não soube te dar.
Que você seja feliz. Que encontre paz. Que se sinta inteira.
E que, se por acaso essas palavras te encontrarem, saiba:
ainda existe aqui um coração que te lembra, que te sente, e que, apesar de tudo, te deseja o melhor — com amor, não com mágoa.
De alguém que ainda te carrega no pulso, no peito, na alma…

Um banofe para comemorar você!
Te amo a gente
“pode parar a direita atrás daquele carro alí”